Fã da Rainha do Crime, a britânica teve “a sorte e a honra”
de escrever um novo romance, conduzido por outro insubstituível: HerculePoirot. Maria Ramos Silva não correu risco de vida com “Os Crimes do Monograma”
“Sentado no seu café preferido, prepara-se para mais um jantar de
quinta-feira. Tudo calmo até ser surpreendido por Jennie, que garante estar
prestes a ser assassinada e, mais insólito ainda, que lhe suplica que não
investigue o caso”
(trecho do livro)
É fácil adivinhar que esta mulher tem à sua frente o ilustre
Hercule Poirot. Mais complicado é imaginar o resto da história e, acima de
tudo, como escrevê-la sem defraudar a mãe de um dos personagens mais famosos da
ficção policial. Coube a Sophie Hannah reativar as células cinzentas do
"belga brilhante" em "Os Crimes do Monograma", o primeiro
livro que dá seguimento à obra de Agatha Christie depois da sua morte, em 1976.
Um desafio de peso, como nos relata a escritora através desta descontraída
entrevista.
LEMBRA-SE DE QUANDO COMEÇOU A LER OS LIVROS DE AGATHA
CHRISTIE?
Lembro-me perfeitamente. Quando era pequena o meu pai
costumava arrastar-me para feiras de alfarrabistas. Era um colecionador
obsessivo de livros sobre críquete. Tinha uns 12 anos e certo dia, para me
manter quieta, comprou-me uma velha edição de um livro de Agatha Christie,
"Um Corpo na Biblioteca". Adorei, e depois disso passei a acompanhar
o meu pai a todas essas feiras, em busca de outras obras. Quando cheguei aos 14
anos já tinha comprado e lido a coleção completa.
COMO DECORREU O PROCESSO DE ELEIÇÃO DE UM AUTOR PARA
SUCEDER A AGATHA CHRISTIE, NESTA DIFÍCIL MISSÃO DE CONTINUAR A DAR VIDA A
HERCULE POIROT?
Tive uma grande sorte. Aconteceu que o meu agente tinha
encontrado com o editor de Agatha Christie a propósito de outro assunto
qualquer. De repente lembrou-se de lhe dizer: "Sabe que mais? Devia pedir à minha autora, a Sophie Hannah, que
escrevesse um novo romance com Poirot, ela é uma grande fã de AgathaChristie." No dia seguinte o editor comunicou com os detentores dos
direitos da escritora e mencionou esta hipótese.
ESPERAVA TER SUCESSO?
Pensava que a resposta seria "não", já que apenas
no passado se levantara esta questão de alguém escrever um novo romance de
Agatha Christie. Sucede que a família de Christie estava a pensar precisamente
nessa eventualidade, de dar seguimento à sua obra. Foi uma feliz coincidência.
Tudo aconteceu na hora certa, para grande sorte minha.
PELA RESPONSABILIDADE QUE REPRESENTAVA A MISSÃO DE
SUBSTITUIR AGATHA CHRISTIE, CHEGOU A PENSAR RECUSAR ESTE DESAFIO?
É um erro alguém pensar que consegue substituir AgathaChristie. Não tenciono ser a nova Agatha, ou escrever exatamente como ela. A
minha ideia foi elaborar um bom enigma, que Poirot pudesse solucionar, criar um
puzzle (quebra-cabeças) que estivesse ao nível das suas célulazinhas cinzentas.
Atirei-me de cabeça ao desafio de escrever um novo romance. Para mim foi uma
honra, e adoro missões difíceis.
QUAL FOI O SEU MODELO PARA "OS CRIMES DO
MONOGRAMA"?
As histórias de Agatha Christie são imprevisíveis, com
grande mudanças na narrativa, num enredo bem estruturado. Esforcei-me por
seguir estes princípios.
TORNOU-SE UMA AUTORA DE BESTSELLERS GRAÇAS À FICÇÃO DENTRO DO GÊNERO POLICIAL. AGATHA
CHRISTIE DEVE TER TIDO PESO NA ESCOLHA DESTE CAMINHO. HOUVE OUTROS MOTIVOS?
Sim, é verdade que adoro policiais desde que descobri os
livros de Agatha Christie. Nas histórias de crime há uma dimensão muito
satisfatória no enredo: há sempre um mistério, o que leva o leitor a querer ir
sempre avançando, além de ter a garantia (quando a história é bem escrita) de
que esse mistério será resolvido no final. Além disso, no nosso cotidiano acho
que temos um fascínio natural por encontrar respostas para as perguntas a que
julgamos não conseguir responder. É por isso que o policial é o maior gênero
literário.
UM GÊNERO QUE GOZA DE IMENSO SUCESSO. PORQUE NOS SENTIMOS
TÃO PRÓXIMOS DE HISTÓRIAS COMO ESTAS?
É um gênero que encerra em si sempre uma motivação para
deslindar um mistério, e portanto é o que está mais próximo da nossa forma de
pensar na vida real. O desespero de descobrir quem matou “X” é o mesmo de
"será que vou conseguir aquela proposta de trabalho, casa ou
casamento?".
Ficaram encantados com "Os Crimes do Monograma". É
incrível ter conseguido escrever um romance que consideraram suficientemente
bom para estar associado ao nome de Agatha Christie.
DEPOIS DE "OS CRIMES DO MONOGRAMA", JÁ HÁ
PLANOS PARA NOVOS LIVROS?
Esperem para ver! Ainda não há planos, mas ninguém sabe o
que pode acontecer no futuro.
ESPECULA-SE TAMBÉM SOBRE A HIPÓTESE DE ADAPTAÇÃO DO LIVRO
ÀS TELAS, PARA MAIS UM REGRESSO DE DAVID SUCHET. É UMA
POSSIBILIDADE REAL?
Não sei se chegará às telas, mas penso que não seria David
Suchet a desempenhar o papel de Poirot. Ele deu por terminada essa participação
e seguiu em frente. Portanto, se por acaso este livro chegasse à televisão,
teríamos de escolher outra pessoa para fazer o papel deste belga brilhante.
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