Poirot

Hercule Poirot
Hercule Poirot veio ao mundo no livro “O Misterioso Caso de Styles”, escrito em 1916 e lançado quatro anos depois. Foi o primeiro romance publicado por Agatha Christie, em uma época em que Sherlock Holmes dominava o universo policial. Entretanto, o belga difere de Sherlock em vários aspectos, que vão desde a aparência física até a forma bem-humorada e receptiva com que se relaciona.

Após deixar a força policial, Hercule Poirot fixa residência em Londres e desponta como um dos detetives particulares mais famosos da Europa. Lá ele assume casos geralmente ligados à realeza e elite inglesa. Conhecido pela aplicação do método e ordem para tudo, Poirot é um autêntico cavalheiro, um homem de gosto requintado e amante das boas coisas da vida. Tem hábitos particulares, como a obsessão pela limpeza (detesta ambientes empoeirados) e uma fixação por simetria e organização metódica. Seus livros são empilhados na estante de acordo com o peso e, quando toma café da manhã, acha as torradas simétricas mais deliciosas.

O detetive é também um homem à moda antiga, admirador de ópera e das mulheres femininas, exóticas e donas de suas curvas. Fisicamente, é um senhor de cabeça arredondada,  próxima ao formato de um ovo, tem 1,62m, olhos verdes como os de um gato e bigodes negros, vistosos e bem cuidados. Estes são, aliás, seu motivo de orgulho. Poirot nunca esquece o retoque nos bigodes, recorrendo até a um tônico capilar para disfarçar os fios grisalhos.

Hercule Poirot é um personagem perfeccionista e que despreza a negligência ao se vestir. Vaidoso, ele costuma usar adornos na lapela e gosta de calçar sapatos de couro de bico fino. “Um homenzinho meticuloso, sempre organizando as coisas, preferindo as coisas em pares, preferindo os quadrados ao invés dos redondos”, descreveu-o Agatha Christie em sua autobiografia.

Conhecido como o "detetive das células-cinzentas", gosta de sentar em uma confortável poltrona e refletir sobre o enigma da vez. É assim que delineia os contornos da mente de um assassino. “Minha força está no meu cérebro, e não nos meus pés!”, diz a Hastings, seu parceiro de aventuras. Por isso mesmo, o belga não acredita em instinto ou sorte; ele prefere ser reconhecido por seu conhecimento e experiência exímios, habilidades que aperfeiçoa com o passar dos anos e dos casos. Um crime nada mais é do que um quebra-cabeças em construção.

Para Poirot, o diálogo é mais determinante que as pistas materiais. Ele tem o dom de ouvir e, por isso mesmo, mostra-se doutor da psicologia humana. Mas seu ponto fraco é a iminência do fracasso. Quando enganado, o belga fecha-se como uma ostra e fica profundamente mau humorado. Apesar das dificuldades, o final das tramas acaba sendo sempre o mesmo, com ele resolvendo o crime de forma surpreendente.

Agatha Christie matou seu personagem mais famoso para que, após a morte dela própria, ninguém mais escrevesse sobre ele. O livro foi escrito em 1940, mas ficou guardado no cofre de um banco por 35 anos, esperando o momento em que a autora julgasse apropriado publicá-lo.

Hercule Poirot foi protagonista de 33 romances e 54 contos de Agatha Christie. Em setembro de 1975, ele se despediu da literatura no livro “Cai o Pano”, tendo o seu obtuário publicado por um dos jornais mais importantes do mundo, o "The New York Times".

[...] uso apenas as células cinzentas...
a Sorte, deixo-a para outros
Hercule Poirot



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