Miss Marple |
Jane Marple é uma senhora à moda antiga. Prefere tomar
xarope a usar comprimidos, gosta de fazer crochê e se encanta com os acordes de
uma valsa. Ela mora no pequeno vilarejo de St. Mary Mead, uma típica cidade de
interior no sudeste da Inglaterra, onde todos se cumprimentam pelo nome e
repartem histórias em comum. Quando estreou na literatura já era uma velhinha
de cabelos brancos, adepta das peças de lã e chapéus para senhoras. Na condição
de solteira, ela não tem filhos nem convive com parentes próximos. Seus
passatempos mais corriqueiros são cuidar do jardim, plantar peônias e arrancar
ervas daninhas, e desempenhar funções paroquiais, angariando donativos para
campanhas e associações locais.
Marple nunca procura pelo crime, mas este a encontra onde
quer que esteja. Por trás da aparência delicada mora uma senhora esperta e
sagaz, que tem para si a convicção de que assassinatos são crimes simples de
serem resolvidos: é só saber onde procurar o culpado.
Miss Marple não tem conhecimento especial sobre a
criminalística, nem coleciona especializações na área (apesar do curso de
anatomia humana feito na adolescência). O método investigativo dela é o da
comparação. Marple traça paralelos entre fatos ocorridos em St. Mary Mead e
aqueles que acontecem no ambiente do crime para chegar às próprias conclusões.
Carrega consigo a arte de observar comportamentos e traduzir, através de
palpites certeiros, os acontecimentos que a cercam. Sabe avaliar o caráter das
pessoas, interpreta suas palavras e gestos particulares. Também tem experiência
com as moças, orgulhando-se de sempre saber quando estão mentindo. É
meticulosa, sistemática e pragmática, e costuma associar os crimes a um
elemento fundamental: o motivo.
Miss Marple não se intimida com cadáveres nem assassinos.
Sutilmente, deixa escapar um comentário inocente e observa como as pessoas
reagem. No fim, passa a perna naqueles que a julgam uma senhora ingênua e
desvenda o mistério. Este carisma de Miss Marple pegou até Agatha Christie de
surpresa. A escritora não tinha planejado torná-la uma personagem cativa de
seus romances mas, com o passar do tempo, sentiu-se atraída por sua presença.
“Miss Marple se insinuou em minha vida tão sutilmente que mal notei sua
chegada”, revelou.
O resultado foram doze romances e dezenas de contos,
começando com “Assassinato na Casa do Pastor”, de 1930, e acabando com “Um
Crime Adormecido”, escrito em 1940 e mantido sob sigilo no cofre de um banco
(assim como “Cai o Pano”, com Hercule Poirot). A última aventura de Miss Marple
foi publicada no ano da morte de Agatha Christie, em 1976.
"Na verdade, todo mundo é muito parecido. Porém, felizmente, talvez não percebam isso..."
Miss Marple
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