Mediante às características dos mais famosos personagens da
nossa Rainha do Crime, abordamos abaixo algumas curiosidades sobre eles. Boa
Leitura!
TODOS TÊM NOME, ATÉ MISS MARPLE
É bonito dizer “Miss Marple”. É
curto, ninguém esquece e está longe de ser um trava-línguas, mesmo para quem
não conheça nada de inglês. Ao mesmo tempo, é perfeito para a personagem: na
essência, esta detetive amadora é uma avó sem netos e com espírito de criança,
uma mulher que se habituou a ver o que os outros não vêem e a fazer histórias
com isso. O fato de conseguir descobrir assassinos no meio de cenários de
crimes confusos não é escolha sua: Marple não consegue evitar.
Acrescente-se uma nota: se a
tratássemos sempre pelo primeiro nome, Jane, certamente o resultado não seria o
mesmo, não é?
ARMA SECRETA: INTELIGÊNCIA
Não há, no método de Jane Marple,
nenhuma habilidade especial. Aliás, a verdade é que não existe método nenhum. O
que Miss Marple tem – o que Agatha Christie lhe deu – é uma inteligência fora
do vulgar. Dêem-lhe uma ponta de um véu que ela conseguirá revelar a peça
inteira. Até porque uma das expressões mais óbvias desta clarividência acima da
média está nos pequenos grandes nadas. Miss Marple, com toda a simpatia do
mundo, faz a conversa e mantém o diálogo a correr. Os pormenores cotidianos que
surgem nesses momentos bastam-lhe para descobrir o que parecia secreto.
PRIMEIRO OS CONTOS, DEPOIS O RESTO
Para Miss Marple, começou tudo
nas revistas “The Royal Magazine” e “The Story-Teller Magazine”, a partir de
1927. Uma série de histórias que acabaram mal para uns quantos, que deviam ter
prestado atenção aos detalhes; e que trouxeram a maior das sortes à
investigadora sem carteira profissional: protagonizar um primeiro romance, “The
Murder at the Vicarage”, de 1930, sobre um aldeão odiado por todos que aparece
morto na igreja.
ACOMPANHADA SÓ QUANDO É PRECISO
Agatha Christie foi casada duas
vezes e teve uma filha, Rosalind Hicks. Mas ao criar Miss Marple, fez as coisas
de maneira diferente. Não lhe deu nenhum marido nem filhos. Aliás, família
quase nem vê-la, a não ser o sobrinho, Raymond West, um escritor que, às
primeiras aparições, ainda está a fazer o seu caminho e que, nas últimas, já
aparece com algum reconhecimento. Há um tio, alguns primos, mas nada de muito
próximo para a distrair do que mais lhe ocupava o tempo. Nunca trabalhou, mas
não tem problemas financeiros e educação não lhe falta, das artes à anatomia.
SOLUÇÃO DE CRIMES NA TELEVISÃO
Houve dois grandes momentos de
Miss Marple na televisão. O primeiro aconteceu entre 1984 e 1992. Joan Hickson
protagonizou a produção da BBC e chegou a ser voz de alguns audiolivros com a
mesma personagem. Em 2004, Marple regressou à televisão com o título “Agatha
Christie’s Marple”. O papel principal foi atribuído a Geraldine McEwan, mas a atriz
morreu em 2011, com 82 anos. A substituição surgiu com Julia McKenzie, a partir
da quarta temporada. A série, da ITV, foi até à temporada seis (de 2013), para
depois os direitos das adaptações de Agatha Christie serem comprados pela BBC.
AMIGAS PARA SEMPRE
Conta a história que AgathaChristie se inspirou, em parte, na vida da própria avó – e respetivas
companhias – para criar a personalidade de Miss Marple. A autora afirmou em
diferentes ocasiões que ambas tinham em comum o fato de esperarem quase sempre
o pior das pessoas. Daí até chegarem a juízos de valor era preciso pouco. E tal
como Jane Marple, também a avó Christie tinha a mania de acertar nas conclusões.
Talvez daqui tenha surgido a preferência da “Rainha do Crime” por Miss Marple,
sobretudo face a Poirot – ainda que tenha escrito mais histórias para o belga.
HERCULE DO PAI, POIROT MAIS OU MENOS
Agatha Christie tinha muita
imaginação. E outra coisa que tinha era a mania das leituras. Era inevitável
que, volta e meia, as duas se juntassem para criar uma outra coisa, diferente
das originais. E por que esta matemática? Porque a escritora batizou este detetive
belga partindo de dois outros personagens de ficção: Hercule Popeau, de Marie
Belloc Lowndes, e Monsieur Poiret, de Frank Howel Evans. Juntando os dois, dá
aquilo que já se sabe: Hercule Poirot, provavelmente o melhor nome de uma
personagem para treinar o sotaque francês. Estão lá as curvas todas das vogais.
Tal como não houve nenhum outro
detetive privado como Poirot (e provavelmente vai tudo continuar assim), também
não houve outro Hercule como David Suchet. Aliás, um sem o outro é coisa que
não existe. O próprio disse, após o último episódio da série televisiva, que
aquela era “a morte de um querido amigo”. Ligações sentimentais à parte, até os
números ajudam a explicar isto: Suchet foi Poirot em todas as histórias
escritas por Agatha Christie. Todas menos um pequeno conto. É esperar para ver
o que acontece no futuro.
RESUMINDO POIROT
Tal como fez com Marple, AgathaChristie mostrou Poirot ao mundo com alguma idade logo a partir da primeira
história. Se é para criar personagens que investigam crimes e encontram
culpados, então que sejam criadas com alguma experiência. Família não é coisa
que aqui importe muito. Hercule nasceu numa aldeia belga e teve como pais
Jules-Louis e Godelieve Poirot, gente endinheirada e católica. Antes de ser
detetive privado, foi policial. Já na reforma, dedicou-se ao trabalho no campo:
nada de muito esforçado, sempre à procura do próximo meliante.
DO “ERA UMA VEZ” AO PONTO FINAL
Além de ser profissional
encartado nas artes de descobrir malvados homicidas, Poirot é também mais
antigo que Miss Marple nessas mesmas lidas. Tudo começou em 1920, com “The
Mysterious Affair at Styles”. Poirot é um recém-chegado à Grã-Bretanha, depois
de fugir da guerra no continente. Instala-se em casa de Emily Inglethorp, que o
ajuda em tudo o que precisa. Pouco depois, Emily é encontrada morta. Vai daí,
Hercule faz o que tem a fazer. Porque neste campeonato tudo tem de fazer
sentido, a mesma casa acolhe a última das histórias com Poirot, “Cai o Pano”.
2+2=4, É FAZER AS CONTAS
Para Poirot, tudo tinha de estar
bem engomado, o bigode no estilo, o chapéu onde tinha de ser. Na hora da
investigação, a mesma coisa. Fugiu da guerra e instalou-se no campo inglês, mas
nenhuma dessas transformações abalou as suas prioridades: ordem e método. E
ambas as palavras deveriam sempre trabalhar em conjunto com as pistas, fundamentais
para chegar a um final bem sucedido (muitas vezes, até escondendo algumas do
seu ajudante Hastings).
UM MAL NECESSÁRIO
Poirot apareceu cedo na vida de
Agatha Christie e foi essa a razão para que o caro Hercule tivesse sido o
protagonista de quase o dobro das histórias de Jane Marple. Também por isso,
foi público o cansaço da autora face ao detetive de bigodes. A própria chegou a
descrevê-lo como “egocêntrico”. Ainda assim, continuou a dar-lhe histórias até
1975. Se o público gostava de ler Poirot, então que se fizesse segundo a
vontade dos leitores – um sucesso que levou mesmo o “New York Times” a escrever
o obituário do investigador. Agatha Christie morreria um ano depois, aos 85
anos.
Espero que tenho gostado!
Peço gentilmente que comentem, publiquem e compartilhem.
Abraço Forte e até a próxima!
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