Agatha Christie |
Em 1914, casou-se com o Coronel Archibald Christie (a quem
ela chamava de Archie), piloto do Corpo Real de Aviadores. Com ele, além de
herdar o nome com a qual se tornaria a maior celebridade dos romances
policiais, Agatha teve uma filha, Rosalind. Deram a volta ao mundo juntos e, ao
lado dele, a jovem Agatha chegou até a surfar em Honolulu. O divórcio entre os
dois aconteceria em 1928.
O romance de estreia daquela que viria a se tornar a Rainha
do Crime, O misterioso caso de Styles, foi concebido no final da Primeira
Guerra Mundial. Foi depois de trabalhar como enfermeira, quando fora
transferida para o dispensário que, junto aos medicamentos, voltou a pensar na
ideia que mudaria para sempre a sua vida, como mostra o texto publicado em sua
Autobiografia (publicada no Brasil em 1979 pela editora Nova Fronteira):
“Foi quando trabalhava no dispensário que concebi a ideia de
escrever uma história policial. Essa ideia permanecia em minha mente desde o
tempo em que Madge [sua irmã] me desafiara a escrevê-la – e meu atual trabalho
parecia oferecer a oportunidade favorável. Ao contrário da enfermagem, onde
sempre havia o que fazer, o serviço do dispensário tinha períodos muito
atarefados e outros mais frouxos. Às vezes eu ficava de serviço só a parte da
tarde, praticamente sentada o tempo todo. Depois de verificar que os frascos de
remédios estavam cheios e em ordem, tinha liberdade para fazer o que quisesse,
desde que não abandonasse o dispensário. Comecei a considerar que espécie de
história policial poderia escrever. Visto que estava rodeada de venenos, talvez
fosse natural que selecionasse a morte por envenenamento. Congeminei um enredo
que me parecia ter possibilidades. Essa ideia permaneceu na minha mente, gostei
dela e, finalmente, aceitei-a. Depois tratei da dramatis personae. Como? Por
quê? E tudo mais. Teria que ser um envenenamento íntimo, devido à maneira
especial como seria acometido o crime; teria que passar-se em família, ouso
dizer assim. Naturalmente, teria que aparecer um detetive. Nessa altura,
achava-me mergulhada na tradição de Sherlock Holmes. Por isso pensei logo em
detetives. Não poderia ser como Sherlock Holmes, é claro: teria que inventar
algo diferente, bem meu, mas também ele teria que ter um amigo íntimo, uma espécie
de ator contracenante – não seria tão difícil assim! Retornei a meus
pensamentos a respeito dos outros caracteres. Quem seria assassinado? (...) O
verdadeiro objetivo de uma boa história policial é que o assassino seja alguém
óbvio e que, ao mesmo tempo, por certas razões, descubramos que não é óbvio, e
que, afinal, possivelmente não fora essa pessoa que cometera o crime.”
E assim nasceu O misterioso caso de Styles, trazendo pela
primeira vez o detetive belga Hercule Poirot, personagem que conseguiria ser
quase tão popular quanto Sherlock Holmes. E não só esse livro, como outros,
foram influenciados pelo trabalho de Agatha no dispensário e possuem mortes por
envenenamento.
Em 1926, após ter lançado a média de um livro por ano,
Agatha Christie escreveu aquela que ficou conhecida como sua obra-prima: O
assassinato de Roger Ackroyd. O livro, primeiro publicado pela editora Collins,
marcou o início de um relacionamento autor-editor que durou meio século e
rendeu 70 títulos. O assassinato... foi também o primeiro dos livros de Agatha
a ser dramatizado – sob o nome de Álibi – e a fazer sucesso na West End de
Londres. Mas o seu mais famoso texto levado ao teatro, A ratoeira, estreou em
1952 e é a peça que mais tempo ficou em cartaz em toda a história.
Agatha casou-se pela segunda vez em 1930 com o arqueólogo
Sir Max Mallowan, 14 anos mais jovem. E foi ao lado dele que a escritora viajou
para o Oriente Médio, apaixonou-se pelo Egito e inspirou-se para criar
histórias como Morte no Nilo e E no final a morte.
Em 1971, Agatha recebeu o título de Dama da Ordem do Império
Britânico. Faleceu em 12 de janeiro de 1976, de causas naturais, aos 85 anos de
idade em sua residência (Winterbrook), em Wallingford, Oxfordshire. Foi
enterrada no Cemitério da Paróquia de St. Mary, em Cholsey, Oxon.
Além de um patrimônio avaliado em 20 milhões de dólares,
deixou algumas obras prontas, publicadas postumamente, como Um crime
adormecido, sua Autobiografia e a coleção de pequenas histórias Os casos finais
de Miss Marple, Enquanto houver luz e Problem at Pollensa.
Ao todo, é autora 66 novelas policiais, 163 histórias
curtas, duas autobiografias, vários poemas, e seis romances “não crime” com o
pseudônimo de Mary Westmacott. Pioneira em criar desfechos impressionantes,
verdadeiras surpresas para os leitores, seus textos seguem fascinando as novas
gerações.
Sua única filha, Rosalind Hicks, morreu em 28 de outubro de
2004, também com 85 anos e, assim como a mãe, de causas naturais. A partir de
então, os direitos sobre a obra de Agatha Christie passaram a pertencer ao seu
neto, Mathew Princhard.
Fonte: http://www.lpm.com.br
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